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18/02/2021 saúde

Chapecó em colapso

Sistema de Saúde do município passa por momento de calamidade pública.

Não é a primeira vez que Chapecó é foco de preocupação em relação à Covid-19 – em junho do ano passado, a cidade chegou a maior marca de casos registrados em Santa Catarina, ultrapassando até mesmo a capital, Florianópolis. Entretanto, desde a última semana, o município está em situação de calamidade pública. No último domingo (14), em coletiva de imprensa virtual, o prefeito João Rodrigues (PSD) decretou colapso no sistema de saúde. Na data, 53 pessoas foram testadas para a doença e 73% dos testes tiveram resultado positivo.

A situação segue causando preocupação, tanto que ganhou repercussão nacional na semana passada. Em decorrência do agravante, a prefeitura iniciou uma força-tarefa em parceria com o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual da Saúde para amenizar a situação no município. 

De acordo com o Boletim Epidemiológico de hoje, 2.779 pessoas estão com o vírus ativo – 384 a mais que no dia anterior – e outras 1.358 estão com suspeita da doença, além disso, três óbitos a mais foram registrados, somando 167 vítimas da Covid-19 em Chapecó. Dois foram na terça-feira, no Hospital Regional do Oeste (HRO), de uma bebê de um mês e 28 dias e um homem de 69 anos. O outro óbito ocorreu ontem, no Hospital da Unimed, de um homem de 75 anos.



No momento, 100% dos leitos de UTI Covid estão ocupados na cidade. Na coletiva de imprensa virtual da tarde de ontem (17), o prefeito anunciou a implantação de 22 novos leitos de UTI no HRO, que inicia a partir desta sexta-feira (19), e mais 50 novos leitos de enfermaria, a partir da próxima semana. “Com isso, esperamos não precisar mais transferir pacientes para outras regiões e diminuir o sofrimento dos que buscam o hospital público em Chapecó”, disse Rodrigues.

Para ampliar a imunização no município, o prefeito também encaminhou um ofício ao Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que oficializa o pedido de 100 mil doses de vacina contra a Covid-19 para Chapecó. Como justificativa, ele apontou a lotação dos hospitais, o fluxo de estrangeiros que buscam emprego na cidade e a condição de polo regional, com grande circulação de pessoas.



Novas medidas

Até o momento, não foi decretado lockdown em Chapecó, porém um novo decreto foi publicado no último sábado (13) para conter a disseminação da Covid-19, e atualizado nesta quinta-feira (18) pela manhã. Até o dia 1º de março, bares, petiscarias, choperias e similares, igrejas, cinemas, teatros, clubes, campings, sedes sociais e eventos não poderão funcionar. Restaurantes poderão abrir das 10h às 14h e, das 18h às 22h – isso no caso daqueles estabelecimentos que servem almoço e jantar –, com vendas de bebidas alcoólicas apenas para consumo no local. 

O atendimento ao público deve seguir rigorosamente as determinações das autoridades sanitárias, como limite de ocupação, distanciamento, uso de máscaras e álcool gel 70%. Quem descumprir a regra está sujeito às penas da Lei Municipal 7.456, que prevê desde o fechamento dos estabelecimentos até multas que podem chegar a R$ 150 mil.

A Rede Municipal de Ensino de Chapecó iniciou as aulas na modalidade 100% online, com previsão para o retorno presencial ou híbrido a partir do dia 1º de março de 2021. Para este momento, os estudantes que não tiverem acesso à internet receberão atividades impressas. 

Pelo menos 53 prefeituras associadas ao Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS-Amosc) decidiram, de forma conjunta, seguir as mesmas medidas de contingenciamento da Covid-19 adotadas por Chapecó. 



Atendimento Online

Desde a tarde de ontem, um grupo de 26 médicos chapecoenses iniciou atendimento gratuito por telemedicina (não presencial) para pacientes com suspeita ou sintomas iniciais de Covid-19 na cidade. O uso da telemedicina está autorizado no Brasil enquanto durar a crise ocasionada pelo coronavírus (SARS-CoV-2) – Lei nº 13.989, de 15 de abril de 2020 – em virtude do esgotamento da capacidade de atendimento presencial.

Para entrar na fila de atendimento online, o paciente precisa responder ao questionário do link. Assim que possível, um dos médicos voluntários terá acesso aos dados e fará o registro em prontuário para consulta. Os profissionais poderão prescrever medicamentos via WhatsApp. O horário de atendimento do serviço é das 8h às 20h. 


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Em nota, a Unimed Chapecó invocou a colaboração da população do município e da região para que intensifiquem as medidas de combate ao novo Coronavírus: evitar aglomerações, manter rigoroso cuidado de higiene pessoal e procurar as estruturas de atendimento médico apenas em casos absolutamente necessários. “O sistema de saúde está no limite de suas capacidades física, mental e de infraestrutura”, afirmou a diretoria da cooperativa médica.


*Fotos: Leandro Schmidt

AUTORA

Mirella Schuch

Futura jornalista. Curiosa e amante da escrita.
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