Atualmente, muito se fala do luxo na moda, mas será que esse famigerado apresentado no cenário atual realmente condiz com o que conhecemos, de fato, como luxo?
O mercado da moda é encantador, a moda por si só é. O que mais nos encanta é como ela se torna um instrumento de protesto, ousadia ou ruptura. Ela tem um papel importante na sociedade. O de dizer quais os nossos desejos e como a sociedade está ansiando por mudança. Com o passar do tempo, vejo que a moda se tornou apenas comercial e utiliza de elementos inóspitos como novidade, o que acabou sendo monótono e um tanto quanto enjoativo. Ballenciaga que o diga.
Em um mundo em que se é permitido ser o que quiser, o que ser? Bom, esse questionamento vem baseado no excesso de informação trazido através de uma explosão de core (cerne) e aesthetic (estética). As pessoas se perderam no papel fundamental e o que antes era um transbordamento visual do que se tem por dentro, hoje é apenas mais um look.
O luxo, em algum momento, passou a ser utilizado como uma tendência e não mais como um estilo de vida ou comportamento. Com toda a certeza você já ouviu falar sobre o famigerado “quiet luxury” ou “luxo silencioso” em português. Essa aesthetic é baseada no comportamento de pessoas que refletem um estilo clássico, tradicional e gostam de discrição, roupas e artigos de moda de alta qualidade.
A moda e o luxo têm uma relação muito próxima, e não quero que acredite que não. Mas nessa corrida maluca para aproximar essas duas coisas, o design e a maneira de se expressar foram perdidos, reduzindo a moda apenas ao conceito de luxo, influenciada pelos grandes conglomerados do segmento.
Com isso, a moda embarca num perigoso período de “ter para ser”, abafando seu papel principal de expressão. Como diria o gato Cheshire, de Alice no País das Maravilhas: “Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”.
Bruno Gerhardt
Colunista convidado da FV, é Designer, Criador de Conteúdo e Especialista em Moda.
