A nova aposta da Netflix corre o risco de ser cancelada na primeira temporada
Sandman conta a história de Sonho (também conhecido como Morpheus), o governante do Sonhar (o mundo dos sonhos), e custa muito dinheiro: são efeitos especiais e muita computação gráfica, que empenham diversos profissionais e horas e horas de pós-produção. O único jeito de resolver isso é ter muitos fãs assistindo loucamente várias vezes todos os episódios.
É isso que Neil Gaiman, o criador dos quadrinhos que deram origem à série, está pedindo no Twitter, para que a versão televisiva – adaptada de uma das HQs mais famosas entre os colecionadores – possa continuar. Essa coluna é uma tentativa de auxiliar The Sandman a perpetuar, porque essa história é realmente poderosa.
Em termos narrativos, a Netflix acertou muito em manter o ar sombrio e visualmente muito parecido aos quadrinhos, que são verdadeiras obras de arte a cada virada de página. Cores, texturas, luz e sombra são trabalhados para que a experiência seja imersiva.
O que pode atrapalhar um pouco é o fato da narrativa viajar por universos oníricos como quem troca de meias. O espectador que não está habituado pode ficar um pouco confuso inicialmente. Se esse for seu caso, persevere, logo tudo fará sentido e você poderá ficar falando de The Sandman e suas mil interpretações para sempre, porque uma coisa é certa, esse universo nunca se esgota.
Preste atenção na habilidade do roteiro, que vai pular de mundo em mundo, de cena em cena, sem perder o fio da meada e sempre entregando muita coisa escondida para os que têm olhos mais atentos. Fique atento às roupas dos personagens e seus significados, nas metáforas e, principalmente, no contexto em que esses personagens aparecem e somem. Pode me agradecer depois.
Elvis Picolotto
Colunista convidado da FV, é membro fundador do Núcleo de Estudos em Cinema da UPF e gerente de comunicação na Berenice Criativa