O avesso da pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca do passado da família para refazer os caminhos paternos.
Em primeiro lugar, um gosto intenso no ato de ler. O texto é fluido, radicalmente sincero. Detalhe, o livro tem quase 200 páginas e apenas 40 parágrafos. É como se a cada entrada de capítulo ou subcapítulo você fosse levado por uma potente e estrondosa onda. Quando termina o percurso, você está na beira da praia, perguntando-se sobre a adrenalina e a singularidade daquela experiência, sentindo-se outro e querendo tomar a próxima onda/página.
Em segundo lugar, O avesso da pele é um romance que diz o que precisa ser dito, conta para quem quiser saber o que é ser oprimido em uma sociedade brasileira que continua a segregar existências pretas. E tem mais: não é condescendente com a ideia de família, não há o mínimo esforço em se afirmar que “o mais importante é a família” porque percebe que a família também pode ser um mecanismo de abandonos. Mas é justo neste mundo que parece não ter saída, que ele faz cintilar a grandeza de uma história humana, que resiste e cria.
Por fim, há algo ali que me faz ter certeza de que vivemos um momento importantíssimo da literatura brasileira, que temos o privilégio de viver – apesar de toda a opressão e desencanto – em um mesmo período em que grandes escritores e escritoras estão construindo suas obras. Isto é reconfortante. Não por acaso, o livro é um dos finalistas do Prêmio Oceanos 2021, maior prêmio de literatura lusófona, e também do Prêmio Jabuti, mais importante premiação da literatura brasileira.
Tivemos o privilégio de contar com Jeferson Tenório na abertura da Feira do Livro de Chapecó 2021. Quem quiser conferir como foi o bate-papo, é só acessar pelo QRcode.