Um novo rumo da moda masculina.
O que aconteceu com a moda masculina? Homens pintando as unhas? Usando vestidos e saias? Cropped? Bolsa? Se você leu esse questionamento com uma entonação de estranheza ou repulsa, te convido a repensar seus conceitos.
Não tem como falar de moda sem falar de sociedade, aqui em questão tratamos de masculinidade, a pior delas, a tóxica. Para vocês terem uma noção, 75% dos homens brasileiros de 25 a 44 anos nunca ouviram falar sobre Masculinidade Tóxica, segundo um Dossiê da Brandlab. Isso seria preocupante? Sim e muito!
A masculinidade é formada por mitos que afetam crianças e adultos e gera consequências alarmantes para a sociedade e para a saúde masculina. Ela está intrinsecamente ligada ao machismo, o qual reforça a ideia de um padrão inalcançável. Assim como para as mulheres ser magra, alta e vestir 36 perdurou até os tempos atuais.
Para os homens o padrão é ser forte, másculo e imbatível em qualquer circunstância. Modelagens retas, rígidas, sem graça e sem cor era o que cabia nesse pensamento recentemente configurado, pelo menos pela moda.
Vocês não imaginam a minha felicidade ao ver homens sendo libertados de seus guarda-roupas, usando aquilo que bem entendem, brincando e se divertindo com a moda. A new masculinity está aí e não tem tempo para retroceder. Semanas de moda masculina de outono/ inverno 2020 trouxeram desfiles que abordavam a ruptura de alguns códigos de masculinidade, como a queridinha Gucci. A grife italiana trouxe à passarela tricôs cropped, malas, bolsas e muita t-shirt com trocadilhos, como “impotent” e “impacient” (impotente e impaciente, em inglês).
“A masculinidade tóxica, de fato, nutre abuso, violência e sexismo. E não só isso. Condena os próprios homens a se conformarem com uma virilidade fálica imposta para serem socialmente aceitos”, dizia o release da coleção Gucci de outono/inverno 2020.
Isso não significa que você vai ter que sair usando cropped, saias e vestidos por aí, mas significa que há uma mudança, uma renovação daquilo que está estagnado há, pelo menos, um século.
Outras marcas seguiram essa mesma linha de pensamento, como Fendi, Louis Vuitton e Dior Homme. No Brasil, o estilista que sempre trouxe isso à tona foi João Pimenta, que usa modelagens femininas em suas coleções masculinas.
Bruno Gerhardt