Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé traz mais segurança às expressões religiosas
Em janeiro deste ano, foi instituído o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé através da Lei 14.519/2023, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que teve origem em um projeto do deputado federal Vicentinho (PT-SP). A data é agora comemorada anualmente em 21 de março, junto com o Dia Internacional Contra Discriminação Racial – criada pela ONU em 1966, em memória aos 69 negros que foram vítimas de um massacre na África do Sul, durante o Apartheid.
Com a data decretada em todo o território nacional, aqueles que vivem estas tradições têm mais força e segurança para manifestar suas expressões religiosas para além de suas casas e quintais, também nas ruas. É o que sente a mãe de santo umbandista Neiza Pedretti, que está há 20 anos à frente da Tenda Ogum Rompe Mato, em Chapecó/SC. “Toda manifestação que abrace, acolha e aceite nossas religiões é sempre muito importante para nós. Por muito tempo, nossa religião ficou reservada ao 'fundo de quintal', porque é muito difícil sair de casa vestidos com as guias, a aceitação é diferente. Algumas pessoas são intolerantes e a data firmada vai fazer com que elas entendam que nós temos direito de expressar nossa religião, assim como a deles deve ser respeitada”, expõe.
Embora se resguardem, existem 34 casas de matrizes africanas em Chapecó – a maioria umbandistas – cadastradas no Superior Órgão Internacional de Umbanda e dos Cultos Afros (SOI), mas o presidente da instituição, Amarildo Perá, afirma que, ao somar as casas não afiliadas, o número dobra.
A conselheira espiritual Neiza convida as pessoas a buscar conhecimento para entender o que significam as religiões afro-brasileiras e desconstruir a visão preconceituosa que se tem em relação a elas. “Nossas religiões não desejam subir degraus, queremos andar juntos. Precisamos aprender a respeitar aquilo que não conhecemos para conviver bem com o outro. Se respeitássemos as diferenças, não teríamos metade dos problemas que temos”, expressa.
Mirella Schuch
Futura jornalista. Curiosa e amante da escrita.