Acaba de ser lançado em Chapecó, o livro 'Fen'Nó' de autoria de Adiles Savoldi, que compõe a coleção Biografemas da Editora Humana
Fen’Nó, que segundo os familiares, nasceu em 1898 e faleceu em 2014, foi batizada como Ana da Luz Fortes do Nascimento, se tornou referência de liderança feminina Kaingang na Terra Indígena Toldo Chimbangue. Fen’Nó, que pode ser traduzido como Arma ou Flecha em pé, é filha de Alfredo Fortes e Júlia Rodrigues Lãdgy. Seu pai, neto de José Raymundo Fortes, ficou conhecido por ter aberto a primeira clareira no sertão que daria início ao povoamento da cidade de Chapecó. Apesar disso, ela viveu boa parte da sua vida reivindicando terra para os Kaingang, que, reiteradas vezes, foram expulsos pelo projeto de colonização implementado no Sul do Brasil. Recorrendo à documentação e à memória dos familiares, o livro recupera a trajetória de Fen’Nó, como parte da história e da cultura Kaingang na região, marcada pela resistência e pela luta.
A obra visa preencher uma lacuna, já que pretende alcançar público acadêmico e não acadêmico, que, muitas vezes, conhece pouco a cultura das populações indígenas da região. O conhecimento da história Kaingang pode ser uma das maneiras de combatermos estereótipos racistas que oprimem e invisibilizam essas sociedades.
A autora, que é doutora em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), possui longa trajetória de convívio e pesquisa com a comunidade Kaingang. Por isso, a narrativa parte da vida de Fen’Nó para contar a história da região, em especial, os processos de luta e resistência contra a violência colonizadora. A história dessa líder Kaingang revela a força indígena, já que, mesmo perdendo parte de seu território e sofrendo todas as formas de preconceito, eles seguem resistindo, preservando sua cultura e tradições.
Com Fen’Nó: legado de luta, de Adiles Savoldi, a coleção Biografemas chega ao seu décimo título. No último ano, a editora Humana publicou outros cinco livros pela mesma coleção. São eles: Mariano Moreno e seus exílios, por Fábio Feltrin; Elke Hering: diários de formação, por Daiana Schvartz; Giovanni Rossi: semeador de utopias, por Cassio Brancaleone; Sebastião Ataide: presença, trajetória e protagonismo, por Renilda Vicenzi, e Félix Peyrallo Carbajal: atlas poético, de minha autoria.
Ricardo Machado