“E essa nova série da Netflix? Legal, né?”, ou “Jogou o novo jogo que saiu para o PS4?”, ou “Que tal o filme que ganhou o Oscar?”
Tempo virou um grande problema. A disponibilidade e variedade de conteúdos de entretenimento de qualidade nos dias de hoje é tamanha que é difícil de acompanhar. Para pessoas que gostam de acompanhar várias coisas, como é o meu caso, fica pior. Ter afeto por filmes, séries, videogames, board games, futebol T (brasileiro, internacional, norte-americano), quadrinhos, leituras, desenhos, etc., é divertido e trabalhoso ao mesmo tempo. Personificando um pouco, é como se todos disputassem meu tempo (e dinheiro, é claro) e, para isso, usam de armas pesadas.
O período de ouro que vivemos em termos de séries de televisão/streaming e a internet no seu auge são os grandes responsáveis — se a ideia é transferir a culpa. Certos conteúdos audiovisuais não tinham um formato para chegarem ao público. Ou não podiam se tornar filmes e entrar no circuito comercial, ou não tinham uma narrativa que justificaria virar uma série longa de TV aberta, com 20 e tantos episódios por temporada. O surgimento da Netflix (e seus concorrentes que estão em franca ascensão) permitiu que muitas histórias interessantes encontrassem seu canal e, consequentemente, seu público. No entanto, tem sido difícil acompanhar ou, sequer, começar determinadas séries devido a total falta de agenda disponível. Enquanto isso, a lista de interesse dentro do próprio ambiente da Netflix não para de crescer e virar um fardo.
O Oscar deste ano reuniu alguns dos filmes mais interessantes dos últimos tempos, de forma que, no meu caso em especial, há interesse em assistir a quase todos que concorreram (alguns deles disponíveis na… Netflix). Mas, à medida que o tempo passa, o interesse vai esfriando e, infelizmente, não será possível. A frequência em que novos games são lançados é tão difícil de acompanhar quanto à duração destes, que prometem te envolver por horas. Gostar de futebol é um carma quando se quer acompanhar o time do coração e outros dos quais se tem simpatia. Ler quadrinhos e livros parece cada vez mais um ato de resistência.
Gerir o tempo nos dias atuais é uma arte, quase um malabarismo. Escolher bons canais de comunicação que promovam análises críticas alinhadas aos seus gostos é importante. Mais fundamental ainda é construir uma crítica sobre o que se está consumindo. Se tempo virou um recurso é preciso saber usá-lo para não desperdiçá-lo de forma leviana e saber aproveitá-lo com qualidade, cercando-se dos melhores conteúdos. De outra forma, a sensação de débito continuará atormentando.
E aí, vai maratonar o que neste fim de semana?
Hilario Junior