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30/07/2022 saúde

Você já chegou lá?

Dia Mundial do Orgasmo traz reflexão sobre prazer erótico e suas limitações

Um fluxo intenso de mini explosões. Ondas de prazer por todo o corpo, que fica quente e leve. Um êxtase tão poderoso que te envia para o espaço. Neste domingo (31), é celebrada uma das melhores sensações que o corpo humano pode sentir: o orgasmo. Esta cascata de experiências que dura de 5 a 15 segundos é o pico da excitação sexual – quando todos os músculos que foram contraídos durante a excitação relaxam. Após o relaxamento ocorre a liberação de substâncias em nosso cérebro, como as endorfinas e a dopamina, que dão um misto de sensação de mais energia, conforto e recompensa, promovendo o prazer ou o gozo.

Entretanto, não é todo mundo que consegue desfrutar deste clímax. Uma pesquisa de 2017, realizada pelo Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo (Prosex) da Faculdade de Medicina da USP ouviu 3 mil participantes entre 18 e 70 anos, divididos em cinco faixas etárias, de sete regiões metropolitanas do país. O estudo revelou que mais da metade das mulheres (55,6%) não têm orgasmos durante a relação sexual, 67% responderam que têm dificuldade para se excitar e 59,7% sentem dor na relação.

A terapeuta sexual Tamara W. Zanotelli (@sexologatamara) afirma que os números são ainda maiores do que os revelados pela pesquisa. Segundo ela, existe uma dificuldade maior da mulher chegar ao pico do orgasmo em relação ao homem principalmente pela falta de autoconhecimento e as crenças socialmente construídas. “Viemos de uma cultura muito reprimida e fechada sobre a sexualidade feminina. Por muito tempo as mulheres sentiram vergonha de sentir prazer sexual. Hoje, as discussões estão mais abertas, mas ainda existem as dificuldades. Mas a mulher, muitas vezes, não conhece nada sobre seu corpo e não dialoga com suas parcerias”.

Além disso, existe também a diferença entre a resposta sexual feminina da masculina. “O homem é muito visual, ele tem maior probabilidade de sair do desejo, ir para a excitação e atingir o orgasmo muito mais rapidamente porque é estimulado visual ou imaginativamente. Já as mulheres têm a necessidade de um estímulo preliminar, que pode ser até mesmo uma conversa, para depois conseguir genitalizar este estímulo, o que é um processo mais longo”, afirma a sexóloga. Entretanto, as diferenças não são só negativas. Segundo Tamara, as mulheres têm a tendência de ter múltiplos orgasmos e muito mais intensos do que os homens. 

Apesar das dificuldades, existem alguns passos básicos que podem ajudar a superar algumas limitações que podem estar impedindo a mulher de atingir o máximo do êxtase de uma relação sexual. Tamara explica que este é um assunto complexo, que varia de acordo com cada corpo – que reage de maneira diferente a cada estímulo, técnica ou carícia –, mas há um conjunto de práticas que, se exercidas conjuntamente, podem resultar no objetivo de atingir o orgasmo:


Aceitação

Primeiramente, para se ter prazer, é preciso aceitar o prazer no nosso corpo. Não adianta saber onde e como gostamos de ser tocados se temos preconceito sobre sermos tocados em determinada região ou em nosso corpo. O exercício do amor próprio é o primeiro passo para então experimentar o prazer em outros corpos.


Autoconhecimento

Nós só sentimos prazer porque temos lembranças. A partir do momento que temos uma memória prazerosa, também podemos sentir prazer a partir dela. Regiões do corpo as quais sabemos que nos reproduzem a sensação de satisfação têm a tendência de reviver esta memória quando estimuladas novamente. “O orgasmo não é só genital, não é necessariamente algo palpável que acontece somente na região gential ou no mamilo, ele acontece em qualquer parte do corpo, desde que seja bem estimulada e proporcione uma lembrança de prazer”, explica a terapeuta.


Por que não?

Existem outras formas de nos experimentarmos e conhecermos melhor o que gera prazer em nosso corpo. A exemplo disso são os brinquedos e outros acessórios que podemos utilizar para estimular a nós ou nosso parceiro de uma forma diferente do habitual. Exemplo disso são os brinquedos eróticos, vibradores, géis, cremes e o que mais você conseguir encontrar em uma sex shop. Entretanto, Tamara reforça que não adianta utilizar algo que sabemos a que o corpo não reage, então é necessário saber de antemão o que o corpo da pessoa aceita.

Existe também uma condição sexual chamada anorgasmia, que é a ausência da sensação de orgasmo. A condição tem diferentes estágios e é sempre válido passar por uma avaliação médica de um especialista para verificar quaisquer outro problema fisiológico que possa estar inibindo de atingir o clímax. Se não for o caso, o indicado é buscar o acompanhamento de uma terapeuta sexual.

Você curte conhecer mais sobre esses assuntos quentes? Então não deixe de conferir algumas outras reportagens que a revista Flash Vip já produziu sobre esta parte mais íntima e deliciosa do ser humano:


Relaxa e Goza

Afogar o ganso, molhar o biscoito, fazer amor, transar. Não importa como você diz ou como você pratica, tudo significa a mesma coisa. E os especialistas comprovam: sexo não é apenas bom. Ele também faz bem.


Precisamos falar sobre pornografia

Historicamente, o ser humano foi moldado para reprimir seus desejos mais profundos para se encaixar nos padrões sociais. Devasso, pervertido ou depravado. Essas e tantas outras denominações são comumente utilizadas para descrever pessoas que “ousam” ceder a esses impulsos. O estranhamento e repulsa tornam o assunto tabu entre a sociedade e vergonhoso para quem assume buscar sua própria satisfação sexual. Uma reação um tanto hipócrita, apontam estudos. De acordo com a revista norte-americana The Week, uma a cada quatro pesquisas feitas em sites de busca na internet tem conteúdo sexual, o que equivale a aproximadamente 750 milhões de consultas diárias, logo, não é de se espantar que a indústria pornográfica movimenta cerca de US$ 97 bilhões mundialmente todos os anos.


Façamos Vamos Amar

Todos fazem, até as estátuas dos Templos Khajuraho, que ilustram esta matéria. Então deixe a vergonha de lado e venha falar um pouco mais sobre isso.


A arte do prazer

Liberdade e sensualidade, inquietação e mistério, exibição e voyeurismo, sugestivo e explícito. O que nos atrai na nossa forma mais íntima e as nuances que nos fazem querer observar sempre um pouco mais.


Imagens: Freepik

AUTOR

Fernando Bortoluzzi

Jornalista e explorador em busca de expansão e conexão.
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