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04/06/2025 cultura

“Pedra Vermelha” novo documentário da Margot Filmes

1ª sessão reúne equipe e personagens do filme na Linha Catres em Mondaí, em 13 de junho.

A resistência de mais de 40 anos contra a construção da Usina Hidrelétrica de Itapiranga no Rio Uruguai é o tema central do documentário Pedra Vermelha, longa-metragem da Margot Filmes, que terá sua pré-estreia em 13 de junho, às 19h, na comunidade de Linha Catres, no interior do município de Mondaí (SC). 

Dirigido por Ilka Goldschmidt e Cassemiro Vitorino, o filme revela as múltiplas vozes e memórias da comunidade ameaçada pelo projeto da usina e destaca a força dos movimentos sociais e lideranças comunitárias que, desde a década de 1980, enfrentam a tentativa de avanço do empreendimento que coloca em risco suas terras, histórias e modos de vida.




O projeto de aproveitamento hídrico do Rio Uruguai, o chamado Inventário Hidroenergético da Eletrobrás, é dos anos 60 e previa a construção de 25 grandes barragens. As cidades que seriam atingidas especificamente pelo projeto da Usina de Itapiranga  em Santa Catarina, além do próprio município eram os seus vizinhos Mondaí, São João do Oeste, e no Rio Grande do Sul, Pinheirinho do Vale, Caiçara, Vicente Dutra e Vista Alegre. O movimento, além de reunir as comunidades que seriam afetadas diretamente, também gerou mobilização regional de municípios vizinhos do oeste do Estado. Na época, o Bispo da Paróquia de Chapecó, Dom José Gomes, alertou para o “dilúvio do Rio Uruguai”. Os principais momentos desse movimento de resistência que hoje é símbolo de mobilização popular para toda a América Latina, estão no documentário de 97 minutos, que conta com o depoimento de 37 personagens. 

Para Pedro Melchiors, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), “o registro traz uma riqueza muito grande sobre a história dessa região, principalmente para as pessoas que vivenciaram essa luta, porque é um registro do real, do concreto, que nos dá condições de apresentar às futuras gerações, para que possam compreender esse movimento histórico. Nós entendemos esse filme como uma ferramenta de trabalho que resgata a nossa cultura, a nossa história e se torna muito importante, tanto para a nossa comunidade, como a nível nacional, para que possam conhecer e acessar o porquê dessa trajetória, construída por muitas mãos, de homens e mulheres”.




Um dos diretores do filme, Cassemiro Vitorino, conta que a grande articulação feita durante todo esse tempo na defesa da terra e do Rio Uruguai contra a construção da barragem, chamou a atenção pela força e união do movimento que luta não apenas pela manutenção das propriedades, mas sim pela preservação de uma história de vida e do meio ambiente. “É uma luta pela sobrevivência de toda uma região”. 

Para os diretores, há um grande enfrentamento a ser feito no tempo atual e contar essa história ajuda a “adiar o fim do mundo”. “Levamos a sério a proposta de Ailton Krenak e encontramos um paraquedas colorido. A vitória do movimento popular imbuído de conhecimento e de propósitos tão caros à humanidade: preservar o meio ambiente, viver em comunidade, reconhecer a presença dos povos originários preservando os vestígios que se somam ao movimento. Nesse sentido, o filme é uma lente que atravessa o tempo e documenta um lugar que se não fosse a luta, não mais existiria”, comenta Ilka Goldschmidt.




Pesquisa histórica

A palavra “Itapiranga”, que dá nome ao município que receberia a construção e instalação da usina, significa em tupi-guarani “pedra vermelha”. A partir dela, o filme constrói uma metáfora potente sobre resistência: uma rocha enraizada no território, símbolo de permanência e ancestralidade.

Com uma intensa pesquisa que se desenvolveu ao longo de quatro anos, em arquivos do MAB, da Arquidiocese de Chapecó, do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM) e nos registros da própria comunidade, o longa apresenta uma série de arquivos históricos que ajudam a documentar essa história. Imagens do  Rio Uruguai livre em suas corredeiras, depoimentos de moradores e  militantes. A narrativa costura passado e presente, evidenciando a luta de agricultores, ambientalistas, igrejas, sindicatos e organizações como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Sem Terra (MST) e Movimento das Mulheres Camponesas (MMC).





Sessão gratuita

A pré-estreia do filme vai contar com a presença dos personagens dessa história e moradores das comunidades atingidas. O evento está sendo promovido em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB. Após a exibição haverá um bate-papo com a presença da equipe que produziu o filme. O longa-metragem Pedra Vermelha foi viabilizado com recursos do edital Prêmio Catarinense de Cinema - promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC).

Acompanhe outras informações sobre “Pedra Vermelha” nas redes sociais da Margot Filmes.




Créditos

Texto: Camila Almeida

Fotos: Angela Reck

Arte: Marília Goldschmidt


Agendamento de entrevistas e outras informações;

Camila Almeida - Assessora de Imprensa Cultural

Contato: 49 - 991923977


AUTORA

FVcomunica!

Revista Flash Vip, contando histórias desde 2003.
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