Saúde dos homens ganha destaque durante mês de novembro, mas deveria ser incentivada o ano inteiro, inclusive para os jovens
Entre a população masculina, o câncer de próstata é o tipo mais frequente da doença, representando 29% dos diagnósticos no Brasil. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam para mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata a cada ano entre 2020 e 2022. Entretanto, ela tem um alto percentual de chance de cura: 90% dos casos podem ser curados se diagnosticados logo no início.
O arquiteto, paisagista e professor universitário José Nunes da Silva Alves, de 58 anos, é um exemplo da importância da identificação precoce do câncer de próstata para o tratamento efetivo. Atualmente mora em Chapecó, mas na época em que descobriu o tumor, há cerca de nove anos, residia em Curitiba/PR. Zeca conta que, por já ter tido e tratado dois cânceres de pele, o diagnóstico na próstata foi recebido com tranquilidade, porque sempre teve o hábito de fazer consultas e exames periódicos, principalmente depois dos 40 anos. “Tive uma inflamação aguda na próstata naquela época, que já foi um sinal. Meu médico quis investigar a possibilidade do câncer e o resultado foi confirmado. Foi tranquilo também porque, como descobri bem no início, não precisei fazer nem quimio ou radioterapia”.
O tratamento de Zeca foi baseado em braquiterapia – uma forma de radioterapia em que a radiação é emitida a partir do interior do próprio organismo – e reposição hormonal. Ele recorda que não teve restrições nem reações por conta do tratamento, que foi rápido e indolor. Os exames de PSA e de toque realizados periodicamente pelo arquiteto como forma de prevenção salvaram a vida dele. Ele relata, inclusive, que alguns parentes e conhecidos que desenvolveram o câncer de forma maligna vieram a falecer justamente pela falta do hábito de fazer os preventivos.
O exame de sangue (PSA) e o toque retal são dois procedimentos primordiais que conseguem identificar o risco de câncer no homem, como explica o médico urologista e andrologista Bruno Von Mühlen. “Vinte por cento dos cânceres de próstata são diagnosticados ao toque e não ao PSA, por conta do tamanho ainda precoce do nódulo. A partir dos 50 anos, todos os homens devem fazer os dois. Mas aqueles que se preocupam mais e buscam o urologista já aos 40, sem ter algum fator de risco, podem fazer o exame de sangue”, explica.
Bruno explica que são três os fatores de risco conhecidos: idade acima de 50 anos; um parente de primeiro grau que tenha tido câncer de próstata, como pai ou irmão; e homens de etnia negra, também se está comprovado que possuem maior suscetibilidade de desenvolver este tipo de câncer e devem iniciar os exames antes. Entretanto, o médico destaca a dificuldade de fazer com que o público masculino crie o hábito de ir ao médico para consultas rotineiras do sistema reprodutor. “É muito comum a mulher começar o acompanhamento com um ginecologista ainda jovem. Já para eles, existe uma campanha da Sociedade Brasileira de Urologia que visa trazer o adolescente para o urologista para começar a criar esse vínculo e ter orientações. É muito difícil o menino vir sem ter uma queixa. Há muitos homens que têm receio de vir ao urologista por uma questão cultural da masculinidade”.
Por falar em prevenção, este é um hábito que Zeca carrega desde jovem. “Sempre fiz os exames sem constrangimento, fui criado de um jeito que é melhor prevenir do que ter que tratar. Precisamos desmistificar o preconceito que se tem com o exame por conta do toque e também de ir ao médico. É cultural buscar orientação médica quando já se está tendo os sintomas e não de forma preventiva”, finaliza o arquiteto.
Quando falamos em saúde, a bucal não pode ficar de fora. Um dos tipos de cânceres de cabeça e pescoço, o de boca/orofaringe, é o quinto mais comum em homens. Segundo o cirurgião oncológico Marco Tesseroli, a razão de estar entre os cinco mais incidentes é que homens tendem a fumar e beber mais que as mulheres. “O tabagismo é o principal fator de risco, e quando associado ao etilismo (hábito de consumir bebidas alcoólicas), as chances de desenvolver um câncer de boca aumentam ainda mais. A grande maioria dos tumores de cabeça e pescoço são evitáveis e, além de não fumar e ingerir bebidas alcoólicas, é importante evitar exposição excessiva ao sol”, explica o profissional.
O câncer de boca é mais comum em homens acima dos 40 anos. Além deste fator de risco, a especialista em Próteses e Implantes Dentários, Iara Gallon, da Clínica Arte & Face, cita também o tabagismo e o etilismo (dependência de bebidas alcoólicas), que, quando associados, aumentam ainda mais as chances de desenvolvimento da doença. Além destes, lembra ainda da exposição ao sol sem proteção e a infecção pelo vírus HPV. “Grande parcela dos pacientes que manifestam este tipo de câncer são profissionais que trabalham ao ar livre, expostos à radiação ultravioleta do sol. Neste sentido, a prevenção se dá com o uso de protetor labial com filtro solar. Já o papilomavírus humano (HPV), pode ser transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas”.
Por conta da localização, muitos casos de câncer de boca podem ser identificados pelo médico, dentista ou até mesmo pelo próprio paciente. Quanto mais tarde diagnosticada a doença, mais difícil se torna o tratamento. Fique atento aos sinais:
Os profissionais alertam a importância de ficar atento aos sinais e consultar regularmente o médico ou dentista para fazer o exame clínico e diagnosticar precocemente, para prevenir o agravamento da doença.
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