Entre tabuleiros e pontos de experiência

Por Ionara da Silva Virmes*

Se fosse um jogo, Vanessa seria Outerwilds. Neste, a motivação do jogador é a sua própria curiosidade em descobrir sobre o mundo que lhe é apresentado, e essa é a Nessa. Sempre muito esforçada. Sentiu que todas as oportunidades surgiram de uma forma natural e que parecia que todas as coisas estavam se encaixando para aceitar os desafios conforme chegassem.

Desde criança sempre foi incentivada a jogar, desde os de tabuleiro aos videogames, e relembra com carinho em jogá-los com seus pais. Uma dessas influências foi The Sims! O simulador de vida real permite que o jogador crie seu avatar, trabalhe, construa sua própria casa e negócios. Vanessa descobriu ali um amor por construir casas e cenários, futuramente tornou-se Arquiteta e Urbanista. Abriu um escritório e por oito anos ganhou seus Simoleons, mas uma peça ainda não estava se encaixando.

Chapecoense de coração, via que a cidade precisava de alguns cenários fantasiosos e dados rolando. Co-fundou uma luderia, O Sotão, onde conheceu o professor Rodrigo Oliveira, que a apresentou ao curso de Design de Jogos da Unochapecó.

No final de 2021, com novo diploma em mãos, ingressou na indústria, primeiramente como animadora 3D e, posteriormente, como game designer, que era o seu objetivo desde o início. Hoje trabalha como game designer na DX Gameworks, em São Paulo.

“O que provavelmente eu diria para a Vanessa do passado é: O mundo é gigante! Vá lá e explore o máximo que você puder!”, conta.

Nessa relata que é impossível imaginar a humanidade sem jogos, quaisquer que sejam, uma vez que acredita que possam ser responsáveis por transformar as pessoas.

“Eu realmente acredito que os jogos transformam as pessoas, ajudam-nas a lidar com situações difíceis, estimulam o desejo de se tornarem indivíduos melhores, unem e criam laços entre as pessoas, trazem bem-estar, geram reflexões profundas e filosóficas e tocam emocionalmente. Jogos de vídeo fizeram tudo isso por mim, então meu objetivo é criar jogos para espalhar amor, acolhimento e incluir pessoas nesse universo, fazendo-as se sentirem bem”, afirma.

Level Up – Conheça algumas produções de Vanessa Aguilar

Quando falamos dos projetos favoritos da Nessa, Aponi está sempre em primeiro lugar. Especialmente desenvolvido para seu TCC, o jogo foi feito por meio da ferramenta digital Unreal Engine e apresenta elementos de terror. Nele, os jogadores guiam a pequena Aponi por uma floresta escura, cheia de criaturas assustadoras, em um mundo inspirado na paralisia do sono.

Toy Sports também brilha os olhos da gamer designer. O jogo multiplayer acontece no imaginário das crianças. Nele os jogadores controlam brinquedos e competem contra o relógio, vence aquele com a maior pontuação. Apesar de ainda estar em desenvolvimento, o jogador já pode colocá-lo na lista de desejos da Steam.

Lançado em abril deste ano, That’s my family fun night combina os jogos de tabuleiro clássicos (como o xadrez) com locações inesperadas e períodos históricos. Disponível para Nintendo Switch, Playstation, Xbox, e PC, o game foi a entrada de Nessa na indústria como uma animadora 3D.

Para eventos de tiro-curto, mencionamos o Bracket, um game curto de exploração. Desenvolvido para o PodQuest Jam de 2021, os jogadores exploram um mundo subversivo para encontrar Mônadas, fragmentos de uma alma que concedem à consciência o direito de nascer e existir na realidade. Mas, neste mundo onírico, as coisas não são o que parecem ser!

O último, aguardado ansiosamente por quem jogou a prévia, é Umbilical. Apresentado no Game Festival de 2022, o jogo roguelite foi descrito pelo DreadXP como um “jogo de horror extremamente pessoal”. A titulação recebida é por conta da história contada em um mundo visceral e hostil. Nele, Alicia está conectada a um drone por meio de um cordão que converte a energia Gaian em recursos que garantem sua sobrevivência. Seu objetivo é parar a invasão de parasitas que extraem a energia do planeta.

*Estagiária de jornalismo sob supervisão de Carol Bonamigo