Crianças e adolescentes assistidos pela Associação Recomeço começam a receber sessões de equoterapia
Nesta segunda-feira (14), a Associação Recomeço deu início ao projeto RecomEquo, que visa proporcionar às crianças atendidas pela Clínica Escola de Fisioterapia da Unochapecó, através do estágio de Fisioterapia Neurofuncional Infantil, os benefícios da equoterapia. A terapia assistida com cavalos tem um impacto positivo no desenvolvimento motor e emocional, e promete ser um marco para esses jovens, oferecendo um tratamento especializado e humanizado que pode transformar suas vidas.
Reconhecida oficialmente como método de reabilitação pelo Conselho Federal de Medicina desde 1997, a equoterapia é baseada no tripé do vínculo entre o animal, o paciente e o terapeuta. O movimento tridimensional do cavalo simula a marcha humana, estimulando músculos, articulações e sistemas neurológicos de forma natural e não invasiva, além de proporcionar uma rica interação sensorial, fortalecendo o desenvolvimento emocional e cognitivo. Desta forma, a prática se mostra eficaz no tratamento de crianças com deficiências físicas ou distúrbios de desenvolvimento, ajudando a fortalecer habilidades como o equilíbrio, a coordenação motora, o controle postural e o fortalecimento muscular, trazendo melhorias tanto na mobilidade quanto no bem-estar geral.
“A equoterapia oferece uma abordagem multidisciplinar, que une fisioterapia, psicologia e educação, proporcionando resultados incríveis na recuperação e desenvolvimento das crianças. O movimento do cavalo funciona como um catalisador para o progresso físico e emocional dos pacientes”, explicou a fisioterapeuta Michele Minozzo dos Anjos, voluntária da Associação Recomeço e professora na Unochapecó.
Quem não via a hora de chegar a sua vez de subir ao cavalo era Fernanda Rodrigues Pereira. A jovem de 21 anos não poupou sorrisos durante as voltas montada no animal. “Eu estava um pouco nervosa, mas o cavalo estava tranquilo. Foi muito legal!”, contou, empolgada. Acompanhada de sua mãe, Elissandra Matos, que também não conseguiu conter a emoção em ver a filha cavalgando. “Fico muito feliz por ela poder fazer isso e ter gostado. Como a Fernanda tem problema motor também, vai ajudá-la bastante a se soltar mais, conforme for interagindo com o cavalo”, afirmou.
Para além dos ganhos físicos, o ato de interagir com o cavalo e seguir as orientações dos terapeutas melhora a atenção, a concentração e a capacidade de comunicação. Por se tratar de um animal altamente intuitivo, pode abrir portas para uma comunicação que transcende as palavras. “Através do estímulo do movimento do cavalo, são dados inputs sensoriais para o sistema nervoso central do cavaleiro, contribuindo para o controle postural, o ajuste tônico, equilíbrio, consciência do esquema corporal e toda a questão sensorial, ao interagir com um ser vivo com pelo, calor e texturas diferentes. E o cavalo é um animal muito dócil, que não julga. Nosso intuito sempre foi esse, proporcionar também essa terapia às pessoas que não têm condições para isso”, disse a fisioterapeuta Carolina Luiza Guella, administradora do Pahenca Centro de Equoterapia, onde as sessões serão conduzidas.
Além de promover a socialização, o ambiente natural, ao ar livre, também se mostra um fator crucial para a sensação de bem-estar e liberdade. “Trabalhamos há mais de uma década com isso e na parceria com a Recomeço podemos fornecer esse atendimento com animais e profissionais de qualidade. A equoterapia não é apenas montada, tem as partes em solo também, e após a adaptação dos jovens ao cavalo, que é um animal extremamente sensível, sabemos que eles terão muitos benefícios”, completou Paulo Roberto Guella Filho, fisioterapeuta responsável pela parte de equitação do Pahenca.
A equipe multidisciplinar, que inclui fisioterapeutas, psicólogos e instrutores de equitação, trabalha em conjunto para adaptar as sessões às necessidades de cada criança ou adolescente. É uma verdadeira corrente do bem, que envolve dedicação, paciência e, acima de tudo, amor, na busca de proporcionar qualidade de vida, autonomia e uma nova maneira de enxergar o mundo. “Este é um novo passo que damos com a Recomeço em promover o bem-estar e inclusão social para essas crianças e jovens. Hoje temos mais de 30 famílias assistidas e só podemos proporcionar isso graças aos nossos padrinhos e voluntários, que abraçam a causa”, enalteceu a presidente da Recomeço, Dete Zandavalli.
O projeto RecomEquo conta com o apoio dos padrinhos da Associação, empresas e pessoas físicas que contribuem mensalmente para a manutenção das atividades.
A Associação Recomeço é uma entidade que oferece suporte a pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade, promovendo inclusão social e reabilitação por meio de diversas ações terapêuticas e sociais.
Carol Bonamigo
Jornalista, especialista em Cinema e Realização Audiovisual, Diretora de Jornalismo e sócia da revista Flash Vip