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21/06/2022 responsabilidade social

Da revolta ao orgulho

A uma semana do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, a FV compila algumas de suas reportagens que buscaram abordar e naturalizar a pauta em Chapecó e região

No dia 28 de junho de 1969, uma violenta e ilegal abordagem policial a um bar para o público LGBTQIA+ em Nova York acendeu um movimento que, à época, era inimaginado. A polícia novaiorquina tentou prender 13 pessoas, e acabou por despertar a ira de quem estava no local, que era um dos poucos refúgios para pessoas fora do meio heteronormativo. Aquela noite, que foi sucedida por uma série de manifestações em diferentes pontos da cidade pela libertação da população homossexual, ficou conhecida como A Revolta de Stonewall.

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No ano seguinte, em memória ao episódio, uma multidão marchou do bar até o Central Park, o que marcou a primeira Parada Gay dos Estados Unidos e consagrando assim o Dia do Orgulho LGBTQIA+. As comemorações desta data se estendem hoje ao longo de todo o mês de junho e carregam a importância de combater o preconceito e despertar o orgulho entre aqueles que se sentem culpados ou errados por estar fora dos padrões socialmente impostos. Com a proposta de trazer a seus leitores discussões acerca de assuntos do cotidiano e da sociedade, a Flash Vip compila algumas reportagens que já passaram pela revista e buscaram trazer um novo olhar a esta temática, com mais compreensão e empatia, além do papel de despertar a identificação e a normalização da pauta. 


Um espelho que me reflita

Dizem que a realidade imita a vida. Se isso é verdade, por que então é tão difícil conseguir se enxergar, verdadeiramente, na maioria das obras lançadas para a TV e cinema, por exemplo? É com este questionamento que se inicia a reportagem especial da edição #92 da FV, em que Carol Bonamigo discute sobre a importância da representatividade na cultura pop. Normalmente apelidada de “mimimi” por pessoas privilegiadas que não sentem a necessidade de ver personagens fora do padrão masculino branco cis-héterosexual nas telas, a representatividade vem ganhando cada vez mais endosso nas produções. É um grande avanço ver cada vez mais personagens gays fora do estereótipo com trejeitos exagerados e lésbicas masculinizadas que antes serviam apenas como alívio cômico.

Uma pesquisa divulgada pela Netflix Brasil, conduzida pela NetQUest em 2020, revelou que para 79% dos jovens, representatividade é um fator decisivo na hora de escolher uma série ou filme para assistir. Além disso, 85% dos entrevistados que se identificaram como LGBTQIA+ afirmaram que o entretenimento ajudou a gerar compreensão sobre o tema em suas famílias. Esta é a grande importância da representatividade na cultura pop, não apenas de finalmente dar a chance a pessoas que se identificam como “fora dos padrões” com os quais estamos acostumados se virem devidamente representados nas produções, como também naturalizar a existência  dessa diversidade e a importância de trazer essa temática para o debate público.


Consideramos justa toda forma de amor

Se tem algo que ainda precisa ser enfatizado, mesmo em meio à comunidade LGBTQIA+, é que o B não é de biscoito, mas sim de bissexual. A bissexualidade é tema da reportagem especial da edição #58 da FV, por Greici Audibert e Carol Bonamigo que, lá em 2013, já relatavam as incertezas e dificuldades de se identificar e assumir bissexual perante as pressões da família e sociedade.

Com depoimentos sob a necessidade de nomes fictícios para as fontes não serem identificadas, a reportagem traz experiências de descoberta, culpa, dúvidas e autoaceitação, perpassando pelas tachações de promiscuidade e a angústia de revelar à família o gosto pelo mesmo gênero e depois descobrir gostar do oposto. Entretanto, pesquisas citadas na reportagem se confirmam com o passar dos anos e cada vez mais as pessoas se desprendem de pudores socialmente construídos para explorar sua sexualidade plenamente, e acabam descobrindo desejos antes apenas adormecidos ou reprimidos. Independente de homem ou mulher – ou por que não ambos ao mesmo tempo? – o que importa é o amor, o respeito e viver os prazeres da vida.


Questão de gênero

Quanto um corpo te afeta? Diferente da bissexualidade, que demanda aceitação própria e da sociedade sobre sentir desejo por mais de um gênero, a discussão acerca da transexualidade parte de uma questão ainda mais íntima: o senso de identidade. O conjunto de papéis sociais impostos aos indivíduos em função do sexo biológico com que nasceram, comumente conhecido como gênero, é tema da reportagem especial da edição #71 da revista Flash Vip, por Carol Bonamigo. Mais especificamente, sobre quando uma pessoa passa a expressar seu gênero de forma diferente do sexo biológico com que nasceu.

A transexualidade ainda é um tema de difícil abertura para debate público. Apesar de inúmeros avanços, como a conquista do uso do nome social em setores ligados ao poder público, o Brasil foi responsável por 33% dos assassinatos de pessoas transexuais no mundo inteiro entre outubro de 2020 e setembro de 2021 – a maior parcela global –, segundo o relatório de 2021 da Transgender Europe (TGEU), que monitora dados levantados por instituições LGBTQIA+.

A reportagem traz depoimentos de pessoas que vivenciaram o não contentamento com o corpo com que nasceram, a repressão, os processos de transição com acompanhamento de endocrinologistas e psicólogos, as confusões na hora de usar o banheiro em locais públicos acompanhadas de olhares de reprovação, mas também a naturalidade das mudanças após a aceitação. Experiências vividas por homens trans em detalhes aparentemente simples, como o surgimento da barba e a voz mais grossa, até a mastectomia – cirurgia para a retirada dos seios –, mas de profunda importância para quem luta por seu espaço na sociedade e a própria libertação de alguém com quem não se identificavam. 


Álbum de família

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) aporovou a união estável entre casais do mesmo sexo no Brasil, um ano após o Censo do IBGE incluir pela primeira vez no questionário uma pergunta para levantar o número de conjuges do mesmo sexo. A partir da decisão do STF, casais homoafetivos passaram a ser reconhecidos como entidade familiar. O que, afinal, define uma família? Parentesco, obrigações, compromissos, ou amor e zelo?

A concepção de família é algo que mudou ao longo dos anos, quando se tem uma revisão do conceito tradicional para incluir diferentes tipos de composições mais amplas, e foi abordada na reportagem especial da edição #68 da FV, por Carol Bonamigo. Ela apresenta, entre outros exemplos de famílias “não convencionais”, o casal Rodrigo Ohland e Lenon Spinelli, que, à época da reportagem, já dividiam há dois anos o mesmo lar e a vida inteira entre os dois e o terceiro elemento da família: a cadelinha Xéka. Uma relação de respeito, fidelidade e o reconhecimento da diferença entre paixão e amor. “E a nossa dá certo por causa disso, não consigo imaginar a minha vida sem ele”, declarou Rodrigo.

Tão antigo quanto a instituição familiar, a instituição casamento também é abordada na reportagem de Comportamento da edição #63 da revista Flash Vip, intitulada “Soneto de Fidelidade”, por Greici Audibert. Ela apresenta casamentos realizados fora do convencional, e traz a história de Talita Noguchi e Luiza Poli Franco, que celebraram sua união em uma praça pública no meio da grande São Paulo.


Imagens: Freepik/Unsplash

AUTORA

FVcomunica!

Revista Flash Vip, contando histórias desde 2003.
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