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02/04/2022 saúde

Conheça os Aspies

Neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, entenda o que é a Síndrome de Asperger; AMA Oeste promove atividade lúdica neste sábado em Chapecó

Neste sábado (2), é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi definida pela Organização das Nações Unidas, em 2007, para chamar a atenção da sociedade para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O autismo é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social – verbal e não verbal – e no comportamento, caracterizado por interesse restrito e movimentos repetitivos. Existem muitos subtipos do transtorno, por isso utiliza-se o termo “espectro”, por conta dos diferentes níveis de suporte que os portadores necessitam.

Um destes níveis é conhecido como Síndrome de Asperger, condição que possui algumas características similares ao TEA, como dificuldade para se relacionar, para se comunicar com os outros e entender o que acontece em sua volta e suas emoções. Entretanto, pessoas com síndrome de Asperger não apresentam alteração em seu aprendizado, podendo ter habilidades intelectuais acima da média. Esta condição já foi abordada na reportagem de 2013 “Infinito Particular”, da edição #58 da revista Flash Vip, que foi vencedora do 12º Prêmio de Jornalismo Unimed/SC, na categoria Impresso.


Os aspies

Dificuldades em enfrentar mudanças na rotina, em processar e expressar emoções e com interação social. Euforia facilmente cativada e interpretação muito literal da linguagem. Estes são apenas alguns traços carregados pelos ‘aspies’, nome dado às pessoas diagnosticadas com a Síndrome de Asperger. À reportagem, a neuropsicóloga Rubieli Silvani Badalotti explicou que estas pessoas também são mais sensíveis ao toque, cheiros, gostos e sons, o que pode causar estresse em ocasiões de superexposição aos sentidos.

Entretanto, o que diferencia os aspies dos autistas clássicos é a preservação da inteligência, que muitas vezes pode revelar habilidades acima da média para a idade, como com linguagem e números. Esta característica é o que dificulta o diagnóstico entre os médicos e a compreensão da sociedade, como foi o caso de Eduardo, que somente aos 10 anos de idade ele e a família passaram a compreender melhor o mundo singular do menino. “Eu via vários filmes de crianças e pessoas autistas e muitas se assemelhavam ao Eduardo. Quando enfim descobrimos, um mundo novo surgiu em nossa frente”, contou a mãe, Marilei Martins de Quadros.

Antes do diagnóstico oficial, a família o havia levado a uma clínica especializada, mas apesar dos sinais, nenhum médico havia diagnosticado a síndrome. Para Marilei, a epilepsia, que surgiu quando Eduardo ainda era bebê, pode ter confundido a avaliação do quadro clínico do filho. “Ele não prestava atenção na aula, mas aprendia todo o conteúdo que a professora passava. As notas eram sempre muito altas. Uma professora chegou a levantar a hipótese de ele ser superdotado”, contou Marilei.

Entretanto, a convivência na escola nem sempre foi fácil. Marilei lembrou de algumas situações de despreparo de alguns professores e diretores diante de certos comportamentos do filho. “Uma diretora chegou a dizer que ele só atrapalhava a escola”, recordou a mãe, que à época salientou que as escolas não estavam preparadas para lidar com crianças que não se enquadravam no padrão. “Achavam que era birra, não entendiam e a situação só piorava, resultando em crises e dificultando ainda mais o processo de aprendizagem”, contextualizou a advogada.

Hoje os tempos são outros, e as escolas também. Em 2006, o Governo Federal editou a Política Nacional de Educação Especial (PNEE), visando o atendimento educacional especializado para pessoas com deficiência intelectual, visual, motora e auditiva – texto que foi atualizado em 2020. Segundo o documento, com dados do Censo Escolar de 2019, aproximadamente 178 mil pessoas que se encaixam no Transtorno do Espectro Autista estavam matriculados na educação especial.


Atividade inclusiva com a AMA Oeste

A inclusão de pessoas com TEA em escolas e demais círculos sociais, especialmente quando se trata de crianças, ainda é um quadro a ser ampliado. Muitas vezes a dificuldade neste processo se dá por estigmas sobre portadores de Asperger, como a afirmação de que eles vivem em seu próprio mundo. Raduam Lucateli, à época com 22 anos e estudante da escola regular, foi diagnosticado com Asperger e deu seu recado à sociedade. “Gosto de ficar sozinho às vezes, mas não tenho um mundo só meu. Não sou um extraterrestre. O meu mundo é o mesmo mundo de todo mundo”, afirmou.

A inclusão é justamente o tema deste ano da campanha nacional pelo Dia Mundial de Conscientização do Autismo: “Lugar de autista é em todo lugar!”. A Associação dos Pais e Amigos dos Autistas de Chapecó e Região – AMA Oeste, em parceria com a Prefeitura de Chapecó, promove neste sábado (2), um piquenique no Ecoparque com brinquedos infláveis, atividades, lanche e mateada. Haverá também a participação do Núcleo de Apoio aos Pequenos Animais – NAPA, além de diálogo aberto e troca de informações às pessoas interessadas. A programação inicia às 15h.

“Se cada um fizer um esforço no sentido de conhecer e entender um pouquinho mais sobre o tema, ficará muito mais fácil respeitar e incluir a pessoa autista em sociedade. O autista precisa estar nos lugares onde quer e deve estar. Esta é a luta da AMA”, pontua a voluntária da AMA Oeste, Aline Nascimento Magro. Durante todo mês de abril acontecerão ações para promover informações sobre o Transtorno do Espectro Autista para toda a comunidade. 

Acompanhe a AMA Oeste pelo site e redes sociais @amaoestesc para saber mais.


Fotos: Unsplash e Timothy Archibald

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