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22/08/2022 cultura

Abertas inscrições para Seminário de Capoeira

4º Seminário Internacional de Capoeira EX-cravo Quilombola acontece de forma online e gratuita

Reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, a capoeira é uma importante manifestação cultural que mantém viva a identidade do povo brasileiro, sendo reconhecida mundialmente em mais de 160 países. Símbolo de luta e resistência do povo afro-brasileiro, a prática é considerada esporte e arte, é compreendida como folclore e também como filosofia ancestral. Para preservar a história dessa prática, e de todos os elementos que a compõem, assim como para difundir e construir o conhecimento para que ele não se perca com o passar do  tempo, acontece de forma online e gratuita, a quarta edição do Seminário Internacional de Capoeira EX-cravo Quilombola.


“Pensamos em um evento online, para facilitar o acesso da comunidade, mestres, praticantes, estudiosos e pesquisadores, de qualquer lugar do mundo. Todos os interessados, mediante inscrição, podem acessar o conteúdo criado especialmente para o Seminário, assim como participar das conferências que acontecerão ao vivo, como forma de gerar interação entre o público. A participação é totalmente gratuita, democratizando o acesso a esse importante material, enquanto preservação e manutenção da capoeira como patrimônio imaterial”, explica Michel França, produtor executivo do projeto.

Para fazer a inscrição no Seminário, que tem vagas limitadas, basta acessar este site. Os conteúdos serão ministrados pelo Mestre Pinóquio da Escola de Capoeira Angola Quilombola, de Florianópolis-SC, e disponibilizados por etapas. Na primeira, serão enviados via e-mail o acesso para 12 vídeo-aulas, distribuídas ao longo de quatro semanas, trazendo conteúdos sobre movimentos, instrumentos e fundamentos da roda. Na segunda etapa serão desenvolvidas três videoconferências, ao vivo, para que os participantes esclareçam suas dúvidas e troquem informações sobre os vastos assuntos que envolvem a prática. Todos os inscritos que concluírem as atividades receberão certificação.

Para o Mestre Pinóquio, a capoeira é uma luta de resistência física e cultural. “É física com toda a sua manifestação, seu berimbau, pandeiro, cantos e rituais, e cultural, pois é com essa manifestação que a gente resiste e existe dentro dessa escravidão, que só mudou o cenário, ainda acontece. É uma luta, é a reivindicação de direitos básicos, é embate, é preta, é branca, é japonesa, é italiana, hoje é globalizada. Eu acredito muito que a capoeira faz um serviço social mundial, que ensina a pensar, que fala da escravidão, que lembra, a cada toque de berimbau a escravidão e a reparação social. Não é entretenimento, é uma luta muito séria”, pontua.

O Projeto é uma iniciativa da Associação Cultural de Capoeira Angola Quilombola, premiado pelo Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, através da Fundação Catarinense de Cultura, com a produção da MAF Economia Criativa. A intenção principal das ações é salvaguardar os saberes sobre essa manifestação artística.


Capoeira como arte e resistência

A capoeira surgiu por volta do século XVII, quando africanos escravizados utilizavam a técnica para conseguirem se defender de perseguições e violências. Na época os senhores proibiram qualquer prática esportiva, por isso junto aos movimentos de luta foram incorporados diferentes elementos como o canto, a dança, a música, e instrumentos como berimbau, agogô, atabaque e pandeiro. A prática era considerada subversiva e só deixou de ser criminosa pelo Código Penal Brasileiro em 1937.

A Roda traz como uma de suas principais funções a manutenção da cultura afro-brasileira, sempre com dois elementos, o lúdico da festa e da brincadeira, e o outro da resistência e da luta contra o sistema opressor. O espaço (roda), profundamente ritualizado, é onde são transmitidos e reiteradas as práticas e os valores tradicionais afro-brasileiros. A manifestação representa a história de resistência negra no Brasil, durante e após a escravidão e demonstra hoje o valor da herança cultural africana.


Texto: Camila Almeida/Girassol Cultural
Fotos e Arte: Divulgação

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