Registros clínicos automatizados

A evolução tecnológica tem desempenhado um papel fundamental na modernização da medicina, e a Inteligência Artificial (IA) tem sido uma grande aliada na otimização do tempo dos profissionais de saúde. Um dos avanços nessa área é a transcrição automatizada de consultas, que permite aos médicos dedicarem mais atenção ao paciente sem comprometer a precisão e segurança das informações registradas. 

Durante o Primeiro Encontro da Série Saúde Digital em Foco: Aplicações de IA na Saúde, ocorrido em fevereiro deste ano, especialistas discutiram como essa tecnologia pode revolucionar o atendimento, aumentando a eficiência e reduzindo o tempo gasto com burocracias. A IA captura automaticamente as interações entre médico e paciente, estruturando os dados em um prontuário eletrônico. Isso não apenas reduz a carga administrativa, mas também minimiza erros na documentação clínica. Essas ferramentas capturam o diálogo entre médico e paciente, geram relatórios técnicos compreensíveis, permitindo que os médicos dediquem mais atenção ao paciente durante a consulta.

A Dra. Janaína Dias, médica oftalmologista especializada em Lentes de Contato Especiais e Córnea, e mestre em Gestão, Tecnologia e Saúde Ocular, ressalta que a IA deve ser vista como uma ferramenta de apoio, e não como um substituto da relação entre médico e paciente. “A tecnologia vem para agregar, tornando o atendimento mais eficiente, mas jamais poderá substituir o olhar humanizado e a empatia no consultório. O contato direto com o paciente é essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento personalizado”, enfatiza. 

Embora a implementação da IA na transcrição de consultas traga benefícios inquestionáveis, como a redução de erros humanos e maior segurança dos registros clínicos, é fundamental que essas soluções respeitem as diretrizes éticas e garantam a proteção dos dados sensíveis dos pacientes. Para a Dra. Janaína, o grande desafio é encontrar um equilíbrio entre inovação e humanização, lembrando que, independente do uso da IA, o autor original sempre deverá ser um médico. “A IA pode ajudar a reduzir o tempo de escrita, padronizar registros e organizar informações de forma mais acessível, mas a experiência e a sensibilidade do médico continuam sendo indispensáveis. O paciente precisa ser ouvido, compreendido e tratado como um indivíduo único, e isso nenhuma tecnologia pode substituir”, afirma.

Com a crescente digitalização da saúde, a IA desponta como um recurso valioso para otimizar processos e melhorar a qualidade do atendimento, transformando a prática clínica. “A integração da IA na documentação médica permite que nós, médicos, foquemos mais na avaliação clínica e no relacionamento com o paciente, sem nos preocuparmos excessivamente com a anotação manual dos dados. Essa sinergia entre tecnologia e prática médica pode resultar em um atendimento mais humanizado e eficiente”, conclui Dra. Janaína.