A desigualdade social, a política e a vida real do Brasil já foram temas de nossas mais variadas formas de arte
O cinema brasileiro retrata as verdades de seu povo com maestria reconhecida internacionalmente desde antes dos filmes incríveis de Glauber Rocha.
A música o faz desde antes das primeiras gravações nos discos de 78 rotações, quando a tradição musical era passada oralmente, de voz em voz, e o fez de maneira brilhante nos anos mais difíceis de nossa história política.
O Rap talvez seja a mais recente forma de arte musical a se destacar dedicada à crítica social, desde o seu nascimento nos EUA. Nenhum estilo mistura tão bem a política com a música.
A chegada do Rap ao Brasil é retratada de maneira emocionante e histórica no documentário original Netflix que narra a trajetória do grupo Racionais MC's, desde o seu surgimento nas favelas mais invisíveis de São Paulo na década de 1980.
Acompanhar o drama de quatro artistas negros sendo, por exemplo, presos durante seus shows, mesmo após o sucesso e os reflexos desses dramas na música brasileira, é emocionante e instrutivo.
A direção artística do filme e as imagens de arquivo utilizadas mostram um Brasil real que precisamos ver e rever, principalmente nos estados ricos do Sudeste e em cidades tão importantes econômica e politicamente, como Chapecó.
A história da luta do povo negro se mistura à história dos quatro rappers e elucida muito do que precisamos entender sobre desigualdade e democracia, se queremos uma sociedade mais justa.
Para além do assunto pesado e necessário, o documentário também é divertido e cheio de luz.
Se você ama música e acredita no cinema e na arte como motor para a liberdade democrática, precisa assistir Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo.
Elvis Picolotto