Hábito de coçar os olhos pode desenvolver uma doença ocular chamada ceratocone, que atinge a córnea e danifica a visão.
Você já teve aquela vontade involuntária de coçar os olhos e, quando pensou que seria apenas algo passageiro, não conseguiu mais parar? Pois saiba que este hábito não deve ser cultivado e é muito nocivo para a visão. De acordo com a médica oftalmologista, Janaína de Oliveira
Dias, especialista em Lentes de Contato Especiais e em Córnea, nenhum tipo de coceira nos olhos é normal, e o costume deve ser observado de perto. “Geralmente a coceira nos olhos está associada a alergias, rinite, dermatites, asma ou bronquite.
Mesmo para a pessoa alérgica, não deve ser considerado comum ter quadros de coceira nos olhos. É indispensável consultar um médico oftalmologista para prescrever um tratamento com colírios e lubrificantes para ajudar a diminuir esses casos de alergia, que podem evoluir para o ceratocone”, salienta a mestre em Gestão, Tecnologia e Saúde Ocular.
O ceratocone é uma doença ocular progressiva que afeta a córnea, a camada transparente na frente do olho. Com o tempo, a córnea se afina e adquire uma forma cônica, causando visão distorcida e, em casos graves, pode levar à cegueira. “O tratamento para o ceratocone tem dois pilares: a melhora da visão e a estabilização da doença. Na melhora da visão podemos usar óculos, lentes de contato gelatinosas, rígidas, esclerais ou anel intraestromal. Os casos extremos podem ir à transplante, mas hoje já tentamos não deixar chegar a esse ponto, pois existe um tratamento chamado ‘crosslinking de colágeno’”, explica Dra. Janaína e acrescenta:
“Se a doença está evoluindo e o paciente está perdendo linhas de visão mesmo com o uso de óculos e lentes de contato, conseguimos estabilizar a doença com um tratamento que é feito com riboflavina, que é um dos tipos de vitamina B, e luz ultravioleta. É um procedimento não invasivo, que mantém a córnea estabilizada por 10 a 15 anos, com uma eficácia de 97%. Assim, continuamos com o uso do óculos e lentes adequadas, e com o controle da coceira com colírios lubrificantes, antialérgicos e as consultas regulares ao oftalmologista”.
O ceratocone costuma se manifestar na infância ou na adolescência e, em alguns casos, na vida adulta, antes dos 40 anos. Segundo Dra. Janaína, não se conhece sua causa exata, mas, possivelmente, há bases genéticas sendo estudadas, além de alterações na superfície da córnea, já que é uma doença inflamatória. “Além de inúmeros outros fatores que contribuem para a perda de elementos dessa estrutura, que são alterações da chamada biomecânica da córnea. O ato de coçar ou esfregar os olhos faz com que a córnea, que é maleável na infância e vai ficando mais rígida ao longo dos anos, sofra alterações, que levam à doenças, sendo o ceratocone a mais comum. Por isso, o risco de desenvolver ceratocone é maior nos pacientes alérgicos, que sentem muita coceira nos olhos”, alerta. Pelo menos, cerca de 150 mil brasileiros são acometidos por ceratocone por ano, mas esse número é provavelmente muito maior, já que ainda não existe uma estatística exata no país, o que enfatiza a importância da consulta periódica com um médico oftalmologista, sobretudo se existirem casos na família. O diagnóstico precoce e principalmente o controle da coceira através da administração de colírios é fundamental para controlar a progressão da doença e preservar a acuidade visual.
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