Mi mi mi é uma nota musical repetida três vezes.
Sim, confesso, já fui "mimizenta" e ainda sou em alguns momentos, nos quais acho que há certo exagero em algumas militâncias.
Falo isso, porque humildemente aprendi muito nesses tempos difíceis e inimagináveis que estamos vivendo. E quando olhei a minha volta em um raio infinitamente maior que meu próprio umbigo é que me dei conta que toda a construção alicerçada ao longo da minha vida estava finalmente liberta das amarras do passado.
Onde a princesa era alta, magra, linda e branca;
O gordo era o engraçado e desajeitado;
O negro era o empregado; O gay era afetado e afeminado;
A lésbica era masculinizada.
E assim foi a minha criação e de quase todos da mesma geração e mais ainda das anteriores. Víamos o molde da igualdade diante das diferenças sociais de forma coletiva, nem sequer imaginando outro modelo de identidade, o que, claro, resulta em mais desigualdade.
Agora vamos inverter esses papéis.
Uma princesa gorda e baixa, igualmente linda, pois podemos ver a beleza também em pessoas "fora" do padrão pré-estabelecido;
Um gordo inteligente, bem vestido, sendo o protagonista de um filme;
O negro executivo, CEO de uma grande empresa com empregados brancos;
Homossexuais sem personagens caricatos e mulheres em sua plenitude de seu ser e de bem com seu corpo, sentindo-se à vontade de seguir sua orientação sexual…
Mundo imaginário? Não mais.
A dor que antes não doía na gente passa a ser nossa também. Desde que possamos e queiramos enxergar através desse olhar. Não seremos pessoas boas somente ajudando na campanha do agasalho ou doando um pedaço de pão para um mendigo que bate à porta.
Só seremos pessoas boas se realmente não olharmos o próximo com desdém, preconceito ou julgamentos pelas suas medidas, formas, orientações e cor de pele.
Não compactuar com escolhas é completamente diferente de não aceitar orientações. E todos esses paradigmas que estão sendo quebrados. O BBB 21 veio e mostrou porque foi considerado o Big dos Bigs. As pessoas foram selecionadas por caráter e empatia. E a protagonista Juliette dava aulas de amor ao próximo todos os dias no programa. Eleita vencedora do reality por quase unanimidade de votos e com 30 milhões de seguidores no Instagram, é um fenômeno explosivo. As marcas que disputam sua identidade orgulhosamente paraibana comprovam que o mundo está mudando, a passos lentos ainda, para melhor.
A jornalista Carol Bonamigo expressa de forma contundente, clara e objetiva na matéria Especial desta edição, através das representações artísticas com grande difusão na mídia. A cultura pop já faz parte do universo das mídias individuais ou em rede. Essa individualidade se apaga por meio de diferentes combinações: da imagem e da realidade e como se diferencia da reprodução e o original.
Orgulho define!
Na espera de vacina para todos, um super beijo e ótima leitura!
Carla Hirsh